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Congresso em Foco
3/11/2020 | Atualizado 10/10/2021 às 17:31
Por outro lado, temos um Congresso reformista. Após anos de debate, finalmente foi aprovada a Lei 13.848/2019, que promoveu a maior reforma microeconômica do setor.
Mas dado o avanço da convergência entre conteúdo (audiovisual e serviços de valor adicionado ou OTTs) e os serviços de telecomunicação, assim como a cada vez maior importância estrutural da conectividade para a integração e o desenvolvimento social, a reforma apenas do mercado de telecomunicações, talvez não seja suficiente.
Tudo isso foi ratificado na semana passada (26/10/2020), com a divulgação do relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) sobre o arcabouço regulatório brasileiro para as áreas de telecomunicações, políticas digitais e radiodifusão.
Em apertada síntese, a OCDE recomendou que o Brasil adote as melhores práticas no setor. A adoção das recomendações é especialmente interessante para os países que pretendem ingressar no seleto grupo, caso do Brasil neste momento.
O relatório recomendou algumas práticas já adotadas no país, como extinguir restrições de propriedades cruzadas entre as empresas participantes dos diversos elos da cadeia do setor, a redução de impostos e estimular o compartilhamento de infraestrutura passiva no setor (postes e dutos).
Porém, o mais interessante foi no aspecto relativo a organização do mercado, ou mercados. A OCDE recomendou um modelo convergente, com as atividades de regulação sobre os setores de telecomunicações, radiodifusão e conteúdo sendo unificadas em uma única Agência Reguladora.
Lembro que o modelo inicialmente pensado para a Anatel era uma Agência Reguladora para os setores de radiodifusão e telecomunicações, mas o governo da época não teve força para avançar com a proposta.
Por outro lado, a regulação de telecomunicações e conteúdo (audiovisual) unificada em um único órgão é comum em outros países do mundo, como Austrália e Reino Unido, por exemplo.
O debate cada vez mais amplo sobre a necessidade de regulação dos conteúdos de internet e a proteção de dados, sugerem que seja um caminho natural integrar essas atividades, caso contrário teremos o risco de diferentes órgãos serem responsáveis por pedaços de uma cadeia de valor, sem conseguir observar o todo.
Lembro, ainda, que há algumas semanas o Ministério das Comunicações anunciou o envio de um projeto de Lei para a Casa Civil com o objetivo de privatizar os Correios e criar a Agência Nacional de Comunicações (Anacom), que incorporaria a atividade de regulação postal.
Talvez seja o caso de o governo aproveitar o Congresso reformista, as recomendações da OCDE e o envio de uma proposta legislativa para propor uma profunda reforma no modelo de regulação setorial, promovendo a regulação convergente.
Teríamos uma Agência Reguladora unificando as funções regulatórias da Anatel, Ancine e Ministério das Comunicações. Este órgão teria competência para outorgar os serviços de radiodifusão e de telecomunicação, sendo responsável por regular os mercados de telecomunicações, radiodifusão, conteúdo e serviços de valor adicionado.
O fortalecimento do marco institucional deixaria o Brasil muito mais preparado para organizar e regular o mercado que caminha cada vez mais rápido para a convergência de serviços e redes.
O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].
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