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Queimadas 2

Congresso em Foco

1/6/2016 8:00

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Quando vim ao mundo, por tudo que ouvi do meu pai e da minha mãe, não vim só. Comigo veio um sonho. Acredito que um sonho bem complexo​,​ e que dentro dele deveria ​haver muitos outros sonhos. Pela maneira com que me educaram​,​ imagino que eles sonharam ter o filho e educá-lo para o bem. Educá-lo para ser trabalhador, honesto, humano e solidário. Creio que é assim com todos os pais e mães (se os filhos corresponderão ou não​,​ é outra história) ​que ​se propõem a educar um filho ou uma filha. Duvido que algum pai e, principalmente, alguma mãe colo​que uma filha ou um filho no mundo e diga: “Esse ou essa vou educar para fazer maldades”, e passa a educar a criança para, na vida adulta, cometer crimes. Penso nisso todas as vezes que vejo ou leio algum ato de maldade e violência. Penso sempre na mãe da vítima, e ​também ​na do criminoso. Acredito que, além da vítima e sua mãe, a grande maioria das mães dos criminosos também sofre. Não acredito que uma mãe vai educar um filho para sair cometendo crimes. Escrevo filho porque a maioria – chuto em torno de 99,99999999% – dos crimes de violência sexual são cometidos por homens. Quando tomo conhecimento, e é quase todos os dias, de crimes violentos e hediondos no sentido de atentado ​à vida de qualquer ser humano, penso muito. Penso muito na própria vida e creio que não sou o único a fazê-lo. Acredito que muitos, que milhares, milhões de pessoas devem pensar na própria vida. O pensar na própria vida é pensar o que fiz e o que posso fazer para ser solidário ​à vitima, e o que fazer para impedir outros crimes. Mas também penso​,​ e bastante​,​ na vida dos outros. Não no sentido de fofoca e de curiosidade ​sobre que o faz​em​, mas no sentido de vida do significado dela, e se têm noção que vivem e para quê vivem. Sempre imagino que tem gente que vive sem a noção da importância que a vida tem para consigo e para a sociedade – por exemplo, os criminosos. O pensar na vida é algo difícil. Não é só pensar o ontem: o que fiz. Não é só pensar o amanhã: o que vou fazer. Não é só o acordar, comer, trabalhar ou vadiar e dormir e​,​ às vezes​,​ amar. Não é só isso. É muito mais. Quando falo em pensar na vida é no sentido da história, não só pessoal, mas na história da civilização: de onde viemos, onde estamos e onde poderemos chegar. E​,​ nessa civilização​,​ qual o papel me cabe. Ou não me cabe nada, só vim ao mundo para ser mais um. Só vim ao mundo para ser maltratado e maltratar? Para ser vitima ou réu? Para respeitar e ser respeitado​,​ ou somente para ser desrespeitado? Faço este tipo de reflexão quase que cotidianamente. No momento com mais ênfase, pois uma menina de 16 anos (queira​m​ ou não os machistas, os criminosos, é uma menina) foi v​í​tima de um estupro coletivo. A dor da vítima e de seus familiares, principalmente a mãe, é indescritível, mas há ainda aqueles que não respeitam e insistem em acusá-la pelo crime ​de ​que foi vítima. Será que estes não pensam ou foram eles educados para ser violentos? Assim que tomei conhecimento do fato​,​ me veio à mente o caso de Queimadas, município do interior da Paraíba. Na noite de 12 de fevereiro de 2012​,​ ocorreu uma “festa de aniversário”. O aniversariante escolheu a dedo como “presente” algumas meninas para serem estupradas. Foram submetidas a um estupro coletivo​,​ e duas ​delas, assassinadas. Com esses dois fatos na cabeça e tantos outros​,​ me lembrei de uma resposta que Umberto Eco deu a Serena Kutchinshy quando perguntado​:​ “O que faria se governasse o mundo”? Eco respondeu: “Só posso dar uma resposta polêmica sobre o que eu faria se governasse o mundo, já que não existe chance de que isso aconteça. Na medida ​em ​que fui envelhecendo, comecei a odiar a humanidade. Assim sendo, se fosse dono do poder absoluto, deixaria que a humanidade persistisse no caminho da sua autodestruição, de modo que ela seria mesmo destruída, e eu seria mais feliz”. Às vezes, num momento de desilusão e tristeza​,​ chego a dar razão a Umberto Eco. Mas, com melhor reflexão​,​ acho que ainda há possibilidades d​e ​a humanidade​,​ ao fim e ao cabo​,​ dar certo. A esses 30 ou mais criminosos​,​ desej​o​ que tenham o mesmo fim que os de Queimadas​. Q​ue sejam condenados.​ Mais sobre violência contra a mulher Mais sobre direitos humanos
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