Diabetes e dívidas dos estados: veja quais vetos estão na pauta do Congresso
O Congresso Nacional enfrenta 56 vetos presidenciais pendentes de análise, sendo que 33 deles trancam a pauta.
Congresso em Foco
11/2/2025 7:25
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O Congresso Nacional começa o ano legislativo com 56 vetos presidenciais pendentes de análise, sendo que 33 deles trancam a pauta. Isso significa que o Congresso - ou seja, deputados e senadores em sessão conjunta - não pode votar novos projetos antes que esses vetos sejam apreciados. Entre os vetos, destacam-se a equiparação dos portadores de diabetes mellitus tipo 1 às pessoas com deficiência (PCD) e a permissão para que os estados abatam parte de suas dívidas por meio da execução de despesas estratégicas, como obras de responsabilidade do governo federal.A expectativa do líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), é que a votação ocorra em março, após a aprovação da Lei Orçamentária Anual de 2025. A pauta das sessões conjuntas do Congresso Nacional é independente daquelas da Câmara dos Deputados e do Senado. Esta é a maior lista de vetos a ser analisada desde 2018.
Saúde
O Projeto de Lei (PL) 2.687/2022, relatado pelo senador Alessandro Vieira (MDB-SE), classifica o diabetes mellitus tipo 1 como deficiência para todos os efeitos legais. Com isso, os portadores da doença poderiam se enquadrar entre os beneficiários do Benefício de Prestação Continuada (BPC) e de outros programas governamentais.Quando a proposta foi vetada integralmente, em 13 de janeiro, o governo alegou que a medida contraria a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, pois, segundo o texto, "a deficiência resulta da interação entre a pessoa e as barreiras sociais, e não de uma condição médica específica". Além disso, o Executivo argumentou que há vício de inconstitucionalidade, já que a proposta não demonstra o impacto orçamentário da alteração de despesas obrigatórias do Estado.Nas redes sociais, o relator classificou o veto como uma "economia burra" às custas de quem precisa. "Vamos agora trabalhar pela derrubada do veto, pois é um projeto justo e necessário", afirmou.Outro projeto de lei que sofreu veto integral foi o PL 6.064/2023, que estabelecia indenização única de R$ 50 mil a pessoas com deficiência causada pelo zika vírus durante a gestação, além do pagamento de pensão mensal vitalícia de R$ 7.786,02. O governo, no entanto, editou uma medida provisória propondo indenização de R$ 60 mil, mas sem a pensão vitalícia.EconomiaO Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag), aprovado no último ano, foi sancionado por Lula com vetos em 2025. Entre os 33 dispositivos barrados pelo presidente, o que mobiliza mais os senadores é a revogação da permissão para estados abaterem uma parte de suas dívidas com a União por meio da execução de despesas estratégicas, como obras de responsabilidade do governo federal. O Executivo explicou que o trecho, apesar de demonstrar boa intenção do legislador, contraria o interesse público "ao permitir aos Estados fazerem jus a duplo benefício, da taxa de juros reduzida prevista no Propag e da amortização da contrapartida em investimentos de interesse social do saldo devedor". O governo também apontou vício de inconstitucionalidade, em virtude da renúncia de receita decorrente da concessão do duplo benefício. Há também vetos na reforma tributária, removendo certos setores de serviços financeiros e de segurança da informação do grupo de atividades que terão redução de 60% da nova alíquota estimada em 28%.