Arthur Monteiro/Ag.SenadoCristiano Zaia
Sob o calor dos protestos das ruas e sem a pressão do calendário eleitoral, 2013 tinha tudo para ser um ano de maior assiduidade no Congresso Nacional. Mas o índice de comparecimento dos parlamentares foi praticamente o mesmo do ano anterior, quando a Câmara e o Senado tiveram suas atividades emperradas pelas eleições municipais. Os senadores até justificaram mais suas ausências, mas os deputados diminuíram o número de explicações para suas faltas.
Veja a lista de frequência dos deputadosVeja a lista de frequência dos senadoresA assiduidade no Congresso em 2013
Enquanto o trabalhador brasileiro teve de "bater o ponto" em 251 dias úteis, os deputados só estavam obrigados a registrar presença em 113, quando foram realizadas sessões para votações. Ainda assim, na média, cada um deles apareceu para votar apenas 93 vezes - ou seja, 82% dos dias em que a participação em plenário era exigida. Discretíssima melhora de apenas um ponto percentual em relação à média do ano anterior, quando cada deputado marcou presença em 74 dos 91 dias com comparecimento obrigatório. Em 2012, os deputados acumularam 20% mais faltas do que em 2011, outro ano não eleitoral.
O Senado também não conseguiu melhorar o índice de presença em 2013. Cada senador participou de 101 (84,8%) das 119 sessões realizadas pela Casa - a mesma média de 2012, quando cada um dos 81 senadores compareceu a 107 (84,9%) das 126 reuniões para votação. É o que revela o terceiro levantamento consecutivo da Revista Congresso em Foco,que já pode ser acessada por assinantes em sua versão digital ou comprada, em sua versão impressa, tanto pela internet quanto nas bancas. A pesquisa considera todos os parlamentares que exerceram mandatos em algum período durante o ano - ao longo de 2013 foram 85 senadores e 555 deputados.
Explicações
A necessidade de participar de perto das campanhas eleitorais, seja como candidato, seja como cabo eleitoral de aliados, é sempre apontada pelos parlamentares como razão para o menor comparecimento em plenário nos anos eleitorais. Uma explicação que não cola para 2013, mas que já serve de desculpa antecipada para o que deve ocorrer em 2014, ano comprimido pelas eleições de outubro e pela realização da Copa do Mundo no Brasil.
Se não aumentou a média de presença no Senado, cresceu o índice de justificativas dos senadores para suas ausências. No ano passado, os senadores justificaram 1.415 (88%) das 1.609 faltas que acumularam. Em 2012, só 78% das ausências tinham recebido algum tipo de explicação. Os deputados, pelo contrário, aumentaram ligeiramente o índice de faltas que deixaram sem explicação: de 8% para 10% do total. Até o último dia 15 de janeiro, a Câmara não havia recebido esclarecimentos de 1.057 das 10.133 ausências acumuladas pelos parlamentares.
PMDB à frente
No universo das faltas sem justificativa, ninguém supera o PMDB, partido que teve o maior número de parlamentares exercendo o mandato em 2013 (82 deputados e 21 senadores). Metade dos dez senadores que mais acumularam faltas injustificadas é peemedebista. Dos 20 deputados que mais tiveram ausências sem esclarecimento até o momento, oito são da bancada.
Em segundo lugar, na Câmara, aparece o PSDB, com cinco nomes, seguido pelo PTB, com dois. PPS, PP, PR, DEM e o recém-criado Solidariedade (SDD) completam a relação das siglas com representantes que mais devem explicações. No Senado, além dos peemedebistas, PSDB, PDT, PP, PPL e SDD têm um nome entre os dez que tiveram mais ausências injustificadas.
Em tese, faltar sem justificar a uma sessão destinada a votação (deliberativa) pode acarretar desconto no salário e até a perda do mandato. A Constituição Federal prevê a cassação do deputado ou senador que deixar de comparecer a um terço das sessões ordinárias ao longo de um ano sem apresentar justificativa. Mas como a Câmara e o Senado só registram presença nas reuniões deliberativas, na prática, o comparecimento é cobrado em três dias da semana: terça, quarta e quinta.
"Bomba"
Ao todo, 41 deputados deixaram de comparecer a mais de um terço dos 113 dias destinados a votação. Mas todos justificaram a quase totalidade de suas faltas. A Câmara e o Senado costumam ser compreensivos no acolhimento das explicações: vale desde o tradicional atestado médico até a declaração de que o parlamentar estava em compromisso político no Estado, seja inaugurando uma obra, seja participando de atividade partidária.
Se o Congresso Nacional funcionasse como uma instituição escolar, regido pelas regras da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), um em cada cinco deputados e senadores seria reprovado por faltas em 2013. Ao todo, 110 deputados e 17 senadores que exerceram mandato no ano passado faltaram a mais de 25% das sessões a que deveriam ter comparecido. Pela LDB, o estudante que falta a um quarto das aulas ao longo de um ano, mesmo que justifique sua ausência, tem de repetir a disciplina ou série, conforme o caso.
Doença e morte
Os três parlamentares que menos foram às sessões do Congresso lutaram contra doenças em 2013. Dois deles perderam a batalha pela vida. O senador João Ribeiro (PR-TO) morreu, aos 59 anos, em dezembro, vítima de uma leucemia rara que o levou a um transplante de medula, meses de internação por complicações pulmonares e um acidente vascular cerebral (AVC). João Ribeiro justificou com licenças médicas 93 de suas 94 ausências.
Depois dele, o senador com mais ausências foi Garibaldi Alves (PMDB-RN). Aos 90 anos, o mais idoso do Senado também enfrenta problemas de saúde, que o afastaram de 86 sessões, todas abonadas com atestado médico. Na Câmara, o deputado Homero Pereira (PSD-MT) só conseguiu comparecer a uma única sessão, a primeira do ano passado. Ele teve 76 ausências justificadas com atestado médico, até renunciar e morrer por complicações de um câncer, em outubro.
De novo, Jader foi o mais ausente no SenadoQuatro deputados tiveram mais faltas que presençasOs campeões da presença em plenário em 2013Tudo sobre o levantamento da assiduidadeAcompanhe a divulgação de outros resultados do levantamento aqui no Congresso em Foco.Os destaques da nova edição da Revista Congresso em FocoNosso jornalismo precisa da sua assinatura