"Alteração absurda": protesto de jogadores contra reforma trabalhista marca início do Brasileirão
Congresso em Foco
13/5/2017 | Atualizado às 18:30
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Divulgação/Fenapaf
As divergências contra a reforma trabalhista patrocinada na gestão Michel Temer, já aprovada na Câmara e à espera de votação no Senado, transpuseram os tapetes dos Salões Verde e Azul que cobrem as Casas legislativas, respectivamente, e entraram em campo. Literalmente. Em outro tipo de "tapete", o do gramado do Maracanã, o primeiro jogo do Campeonato Brasileiro de Futebol de 2017 - a almejada série A do Brasileirão - ficou marcado com uma manifestação dos jogadores de Flamengo e Atlético Mineiro contra as mudanças que o governo promove no Congresso para alterar as relações entre trabalho e capital.
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Câmara altera reforma trabalhista e altera quase cem pontos da CLT. Veja as principais mudançasNo clássico deste sábado, o pontapé inicial do Brasileirão foi precedido no gramado por um ato organizado pela Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol (Fenapaf), que considera a reforma trabalhista de Temer danosa aos profissionais no que diz respeito à Lei Pelé, que regulamenta, entre outras disposições, os vínculos trabalhistas dos desportistas (veja a íntegra da Lei 9615/1998). Os atletas adentraram o gramado com uma faixa preta no braço, em sinal de luto.
"Estão propondo uma alteração na Lei Pelé que é absurda, inaceitável. Protestamos contra essa iniciativa e lutaremos para que ela fracasse. Nós, que temos a chance de jogar nos principais clubes do futebol brasileiro, defenderemos até o fim os direitos dos jogadores que não têm voz, principais prejudicados nessa história", protesta a Fenapaf, por meio de nota.
A entidade estima que, caso virem lei da forma como foi aprovada na Câmara, as alterações na legislação trabalhista impõem prejuízos a mais de 30 mil profissionais do esporte. "Modificação na estrutura do direito de arena; parcelamento de férias; repouso semanal remunerado em dois períodos de 12 horas; fim do recesso coletivo do calendário; e insegurança contratual estão nas propostas de mudança que tramitam no Congresso Nacional e causam revolta na categoria", acrescenta a entidade.
Levantamento realizado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) em 2016 mostra que dos 28.203 jogadores de futebol profissionais registrados no país no período, só 1.106 deles recebiam salário mensal de R$ 5 mil. A grande maioria (82%), acrescenta o trabalho, ganha até R$ 1 mil ao mês - um pouco mais do que o salário mínimo à época (R$ 880; em 2017, R$ 937).
O levantamento mostra que apenas 226 atletas do futebol - quase a totalidade desse número disputando divisões da elite do Brasileirão - têm salário superior a R$ 50 mil por mês. Isso equivale a 0,8% da categoria.
Leia o manifesto levado a campo neste sábado:"Fenapaf convoca categoria para Ato de Protesto no BrasileirãoA Fenapaf e os sindicatos estaduais filiados convocam os atletas para o 1º Ato de Protesto contra as modificações no texto da Lei Pelé que trazem prejuízo à quase 30 mil profissionais no País.Modificação na estrutura do direito de arena, parcelamento de férias, repouso semanal remunerado em 02 períodos de 12 horas, fim do recesso coletivo do calendário e insegurança contratual estão nas propostas de mudança que tramitam no Congresso Nacional e causam revolta na categoria.O Clube de Capitães da Fenapaf organiza o Ato para a 1. rodada do Brasileirão."Mais sobre a reforma trabalhista