"Violento e agressivo", diz ministra das Mulheres sobre onda de ataque a boxeadora argelina
A boxeadora argelina, Imane Khelif, teve sua identidade de gênero questionada após vencer a italiana Angela Carini.
Congresso em Foco
2/8/2024 | Atualizado às 22:47
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A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, classificou a onda de ataque feita por políticos de extrema direita e usuários de redes sociais contra a boxeadora argelina Imane Khelif como "discriminador, violento e agressivo". A declaração foi dada durante um café da manhã com jornalistas mulheres nesta sexta-feira (2), em Brasília, do qual o Congresso em Foco participou como convidado.A atleta foi alvo de ofensas nas redes sociais depois de vencer uma luta das oitavas de final do boxe até 66 kg, nas Olimpíadas de Paris. A vitória de Khelif sobre a italiana Angela Carini se deu após a atleta europeia desistir da luta aos 46 segundos. O resultado levou internautas a questionarem o gênero da argelina com base em um teste da Associação Internacional de Boxe (IBA, na sigla em inglês).Em 2023, a associação desclassificou Khelif após um suposto exame identificar que ela possui altos níveis de testosterona. Nas redes sociais, pessoas afirmaram que a boxeadora seria uma mulher transgênero. Informação que foi desmentida pelo porta-voz do Comitê Olímpico Internacional (COI), Mark Adams. "Houve alguns relatos errôneos sobre isso. E acho que é muito, muito importante dizer que isso não é uma questão sobre transgêneros", afirmou Adams.
Parlamentares questionam gênero de Khelif
O questionamento sobre o gênero deKhelif tem sido usado em discussões políticas. No Brasil, alguns parlamentares reforçaram os ataques à pugilista. O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), os senadores Eduardo Girão (Novo-CE) e Sergio Moro (União- PR) classificaram Khelif como "homem biológico".Personalidades internacionais como o presidente da Argentina, Javier Milei, e o ex-presidente dos EUA e candidato à Casa Branca, Donald Trump, também compartilharam informações falsas sobre a identidade de gênero de Khelif.Imane Khelif é uma mulher cisgênero, intersexo, ou seja, possui características hormonais dos gêneros feminino e masculino. A pugilista compete desde 2016. Participou das Olimpíadas de Tokyo (2020) e cumpriu as exigências do COI para competir nos jogos de Paris. Para Cida Gonçalves, além da questão de gênero, a atleta também é vítima de discriminação pela origem africana. A ministra ressaltou que lida diariamente com questionamentos de entidades que cobram ao Ministério uma definição do que é ser mulher."O debate do Ministério das Mulheres não é o de ser mulher. É quais as políticas que nós vamos experimentar para as mulheres", declarou. No encontro com as jornalistas, Cida apresentou as políticas do governo para o combate à violência contra mulheres e promoção da equidade de gênero.Leia também:Bia Souza, do Judô, conquista primeiro ouro do Brasil nas Olimpíadas