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Congresso em Foco
19/5/2014 | Atualizado 20/5/2014 às 10:09

Fase
No final de janeiro, a presidente Dilma Rousseff inaugurou a primeira etapa da reforma do porto ao lado de Raúl Castro e do presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht. O sigilo nesse tipo de financiamento é contestado pela oposição, que reclama da destinação de dinheiro público brasileiro para outros países. A empreiteira brasileira foi escolhida pelo governo cubano, segundo o BNDES. As obras em Mariel começaram em 2010.
Contratada para certificar as obras do porto de Mariel, a Noronha Engenharia é uma consultoria conhecida no mercado. Com 82 anos de atuação no Rio de Janeiro, fez o estudo de viabilidade da ponte Rio-Niterói, em 1968. Atualmente, porém, enfrenta dificuldades financeiras, segundo sua própria diretoria.
Vaivém de dinheiro
O contato entre as duas empresas previa que a Odebrecht-COI, subsidiária da empreiteira baiana, pagaria R$ 3,6 milhões à consultoria – divididos em 12 parcelas, de abril do ano passado até março de 2014. O serviço era conferir a qualidade de nove pontes que dão acesso ao terminal portuário e também do edifício administrativo de Mariel. De acordo com o contrato COI-Cuba-Prodi 05.13 e seu aditivo, aos quais o Congresso em Foco teve acesso, “o pagamento dos serviços executados” seria feito “sob amparo do financiamento concedido pelo governo brasileiro”.
O acordo entre as duas firmas prevê o repasse de três parcelas iniciais de R$ 466 mil, nove de R$ 233 mil, além de dois pagamentos de R$ 55 mil cada.
As propostas, os aditivos, o contrato, as notas fiscais e os recibos de pagamento vinculados a depósitos bancários obtidos mostram que o serviço feito pela Noronha em Cuba foi pago pela Odebrecht normalmente. Mas, em 18 de dezembro do ano passado, uma mensagem de correio eletrônico da área financeira da Odebrecht, revela que os valores estavam voltando para a empreiteira na mesma velocidade com que eram pagos à consultoria. A construtora nega a autenticidade desse email.
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Encontro de contas
A mensagem “Encontro de contas” revela um fluxo de pagamentos. Sua autoria é creditada a José Roberto dos Santos, economista que trabalha na área financeira da Odebrecht. Pela versão à qual o Congresso em Foco teve acesso, a mensagem é endereçada a outro funcionário da construtora, Marcos Grillo, que trocaria correspondências com o diretor-técnico da Noronha, o engenheiro Bernardo Golebiowski.
No email, cuja veracidade é contestada pela Odebrecht, Roberto questiona Grillo por que a empreiteira só havia recebido seis parcelas de volta da Noronha. “Essa informação não fecha com os ingressos recebidos esse ano e registrados (...). Nós recebemos 6 parcelas de R$ 210.000,00 conforme o quadro a baixo [sic]”, pergunta o economista. Ou seja, a Noronha teria repassado R$ 1,2 milhão à empreiteira responsável pelas obras do porto de Mariel.
Abaixo do texto, a mensagem atribuída a José Roberto apresenta uma planilha que lista os pagamentos feitos pela Odebrecht à Noronha, exatamente nos valores previstos pelo contrato COI-Cuba-Prodi 05.13. Ao lado de cada cifra, inclui o desconto de 1,5% do Imposto de Renda que a consultoria deveria arcar. Assim, a cada pagamento à Noronha, correspondia um pagamento “líquido” de R$ 210 mil para a Odebrecht.
Coaf
O fluxo de pagamentos entre a Odebrecht e a Noronha desperta dúvidas no secretário-executivo do Coaf. Segundo Ricardo Liáo, as movimentações financeiras registradas entre a Odebrecht e a Noronha precisam ser esclarecidas.
Em entrevista ao Congresso em Foco, Liáo disse ver “uma relação financeira com uma via, mas que, na verdade, sugere duas”. Para ele, é preciso saber, com absoluta segurança, por que a consultoria pagou à empreiteira. Seria necessário uma documentação farta e robusta para dizer, cabalmente, que tudo não passou de um empréstimo ou outra operação legal. Além disso, é preciso considerar que a origem de todos os negócios é um financiamento do BNDES, um banco estatal que concede crédito a juros subsidiados. “A título de quê? Tem bom contrato ou é por fora? Se for por fora, aí é propina ou suborno. Não deixa de ser uma forma de desvio de recursos públicos”, afirmou Liáo.
Como fornecedora costumeira da Odebrecht, a Noronha vem recebendo diversos repasses financeiros da construtora em projetos pelo mundo nos últimos anos. Mas, segundo representantes da empreiteira, o comprovante de transferência de R$ 3 milhões se refere, sim, ao contrato de empréstimo de 2012. Um contrato sem aval de cartório.
Resumo da planilha (ver fac-símile acima)
| Plano/ Pagto | Valor para a Noronha | Custo Noronha (impostos) | Valores líquidos para a Odebrecht | Data de pagamento |
| abr/13 | R$ 466 mil | R$ 23 mil | R$ 210 mil | mai/13 |
| mai/13 | R$ 466 mil | R$ 23 mil | R$ 210 mil | jun/13 |
| jun/13 | R$ 466 mil | R$ 23 mil | R$ 210 mil | ago/13 |
| jul/13 | R$ 233 mil +R$55mil | R$ 23 mil | R$ 210 mil | out/13 |
| ago/13 | R$ 233 mil +R$ 55mil | R$ 23 mil | R$ 210 mil | nov/13 |
| set/13 | R$ 233 mil | R$ 23 mil | R$ 210 mil | dez/13 |
| out/13 | R$ 233 mil | R$ 23 mil | R$ 210 mil | |
| nov/13 | R$ 233 mil | R$ 23 mil | R$ 210 mil | |
| dez/13 | R$ 233 mil | R$ 23 mil | R$ 210 mil | |
| jan/14 | R$ 233 mil | R$ 23 mil | R$ 210 mil | |
| fev/14 | R$ 233 mil | R$ 23 mil | R$ 210 mil | |
| mar/14 | R$ 233 mil | R$ 23 mil | R$ 210 mil | |
| Total | R$ 3,6 milhões | R$ 2,5 milhões |
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