No mesmo dia 16 e nos dias seguintes, vários
sites divulgaram fotos e vídeos dos protestos ocorridos no domingo retrasado. Em algumas destas fotos, apareciam crianças empunhando cartazes que não condizem com um boa educação.
Um dos
sites (
Diário do Centro do Mundo) classificou algumas fotos como “Cenas de um fiasco”. Entendi perfeitamente: o fiasco não foi o número de pessoas nas ruas, mas o comportamento destas pessoas. Nas manifestações, havia a demonstração explícita de pedidos de golpe, imbecilidades, irresponsabilidades, idiotia, hipocrisia e inclusive, desculpe a sinceridade, problemas mentais.
Apesar de ter um número incontável de pessoas nas ruas, estas pessoas não devem ser levadas em consideração quanto à solicitação de (golpe) impeachment, renúncia da Dilma, afastamento constitucional ou que nome deem. As fotos e os discursos que circulam na internet me levaram a esta afirmação.
Mas o governo tem que analisar a sério o que está ocorrendo neste país. Onde errou, principalmente no que diz respeito à educação e às questões morais e cívicas. Melhor dizer: nos direitos humanos e civis, senão alguém vai interpretar que estou falando do ‘civismo’ da ditadura.
Ler uma faixa com o dizer “O povo é soberano! Intervenção militar não é crime” é de dar, no mínimo, náusea mental. Desculpe a figura de linguagem. A faixa é criminosa e é a demonstração da imbecilidade: se o povo é soberano, e é, é ele quem decide seu destino político. E o povo decidiu por maioria que a presidente do Brasil é Dilma Rousseff até 2018. Segundo, pregar golpe militar é crime, pois está explicitamente proibido na nossa Constituição.
A incitação ao crime e ao desrespeito aos direitos humanos estava também em um cartaz levado por duas senhoras. Elas não perguntavam, mesmo com erro de português, elas lamentavam. Ao carregarem um cartaz com a frase “Porquê não mataram todos em 1964”, lamentavam por crimes que a ditadura militar deixou de praticar. Lamentavam que muitos de nós não tivéssemos o mesmo fim que deram a Herzog.
Alguns jovens politizados (provavelmente pelo professor
Aécio Neves) que querem o golpe desfilaram com as calças ariadas mostrando a bunda. Procurei desvendar a simbologia deste ato e só me veio à mente duas opções: é com essa parte do corpo que pensam, ou é o que tem para oferecer ao país. Outro significado é que sua família e o Estado erraram feio na educação desta geração.
A grande maioria dos que foram às ruas no dia 16 de agosto passado diz que foi para lutar contra a corrupção. Isto é uma desculpa ou uma farsa. Há inúmeras declarações e gestos que demonstram a farsa. Uma delas está bem explícita na faixa com os seguintes dizeres: “Não adianta calar e isolar o Cunha. Somos milhões de Cunhas. Chega de negociatas e corrupção”.
O Cunha da faixa é o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, que na mesma semana do protesto ocupou as páginas políticas/policiais dos jornais. Ocupou por que a Procuradoria-Geral da República pediu a sua prisão e a devolução de R$ 300 milhões. Portanto, ao afirmar “somos milhões de Cunha”, estão confessando que também devem ser investigados, pois sobre eles pairam a suspeita de serem corruptos.
Do protesto do dia 16 podem-se tirar muitas conclusões, mas uma é certeza absoluta: neste protesto não há amor. Protesto em que se pede a morte de pessoas e em que se lamenta (“Dilma, pena q não te enforcaram no Doi-Codi”) que mais gente não tenha sido assassinada no passado, não é protesto de amor, mas sim de ódio. E pior, ao levar crianças para as ruas portando cartazes e/ou participando desta barbárie, estão construindo gerações que não saberão amar ao próximo.
Este e outros protestos de ódio foram construídos por parte da imprensa e por alguns partidos, como o PSDB, PPS, DEM e ironia, o Solidariedade, e, têm como incentivador FHC e
Aécio Neves. Este é o mesmo senador do PSDB que se negou, tempos atrás, a fazer o teste do bafômetro. É o mesmo Aécio que no dia 16 estacionou seu carro em uma vaga reservada a pessoas com deficiência para ir abraçar o povo na rua.
Ele deve, como a maioria dos que foram as ruas no dia 16, ter alguma deficiência, se não física, pelo menos de reconhecimento intelectual do que é democracia.
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