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Congresso em Foco
21/4/2020 | Atualizado 10/10/2021 às 17:38
O que freou o contágio foi a ação rápida de governadores, que decidiram suspender aulas, fechar comércios e limitar a circulação de pessoas. Concorde-se ou não com essas medidas, é preciso reconhecer que elas deram resultado. Hoje, a curva de contaminação desacelerou para a metade do que vínhamos registrando no início da crise. Ainda assim, o número de casos confirmados de covid-19 tem dobrado a cada sete, oito dias. Já são 40.581 mil contaminados e 2.575 mil mortes espalhadas pelos 26 estados e o Distrito Federal – números que fazem do Brasil o país com mais casos de covid-19 na América Latina.
Isso quer dizer que, mesmo que queira liberar geral, o novo ministro da Saúde (que, no passado, publicou artigos defendendo o isolamento horizontal e elogiando o agora demitido Mandetta) não encontrará espaço para uma radicalização nas políticas de enfrentamento à pandemia. Discreto, o ministro já foi aconselhado pela ala militar a tomar conhecimento do Ministério primeiro e, por enquanto, não assumir qualquer postura de enfrentamento aos governadores, papel que continuará cabendo a Bolsonaro.
Ao ministro, caberá, nas próximas duas semanas, coordenar a formulação de cenários para a saída organizada e gradual do isolamento, atuando em parceria com o Ministério da Defesa, que tem levantado os números de leitos, de equipamentos médicos e até a capacidade funerária em cada estado. Esse levantamento servirá para que o governo federal, assim como fez os Estados Unidos de Donald Trump, anuncie nas próximas semanas um planejamento nacional para a saída gradual do isolamento social.
O exemplo vem justamente dos EUA, país que se tornou o epicentro da pandemia global, com 4,6 mil mortes em apenas 24 horas (superando todos os casos da China, por exemplo). Ao registrar tais números, porém, os EUA podem ter alcançado o que especialistas acreditam ser o pico da transmissão. O próximo passo esperado, portanto, é uma queda na velocidade de transmissão, o que abre espaço para uma reabertura gradual de comércios e serviços.
O plano norte-americano é testar em massa a população para descobrir quem já adquiriu imunidade contra o vírus e começar a liberar as atividades em cidades que registrarem queda no nos contágios. Vão começar com alguns setores não essenciais e verificar se a maior circulação de pessoas levará ou não a uma nova onda de contágio. Havendo queda nos casos, abre-se a porta para mais setores não essenciais. Assim por diante, até a economia ser aberta por completo – o que deve acontecer, pelo planejamento, para meados de agosto e setembro.
No Brasil, ainda que haja intensão de uma saída agora, esse ainda parece um cenário distante. Uma vez que a curva de transmissão achatou justamente por causa de eficácia do isolamento social, especialistas acreditam que possamos ter adiado o pico da crise, que agora deve vir entre maio e junho.
O tempo extra serviu para que o país se preparasse melhor para os tempos que virão, ampliando leitos, treinando equipes e garantindo que nenhum paciente tenha que ser abandonado à própria sorte, como ocorreu em países europeus. Isso significa que, mesmo que o novo ministro tenha ordens de agir, ignorar os fatos e abrir a economia de uma só vez, neste momento, pode ser fatal. Da mesma forma, postergar o planejamento de como fazer essa transição pode também custar milhões de empregos e vidas.
A chave para o sucesso do enfrentamento à pandemia é o timing para tomar as decisões corretas. E o tempo está correndo. Tic, tac.
*Deco Bancillon , jornalista e especialista em reputação
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