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Congresso em Foco
3/5/2019 | Atualizado às 13:04
Eduardo Heleno, da UFF: “Os militares de baixa patente estão cada vez mais descontentes e podem alterar o rumo dos acontecimentos”
Oliver Stuenkel, da FGV-SP: “Em algum momento Maduro vai cair, mas não agora. E o país vai demorar de dez a 20 anos para se recuperar”
“Mas aqui tem uma chave que dá sentido a essa aparente contradição”, esclarece o professor da FGV-SP. “Além da pressão vinda da comunidade latina residente nos EUA, você está lidando com um país geograficamente muito próximo, num momento em que há grande preocupação com a ascensão da China na América Latina. Sem falar que, ao menos num primeiro momento, uma intervenção poderia trazer dividendos eleitorais, o que pode contar em 2020, quando os Estados Unidos terão novas eleições presidenciais”, completa Oliver Stuenkel.
Conforme os analistas, em qualquer hipótese, a intervenção militar não teria a aprovação das Forças Armadas brasileiras. Mas não se sabe como se comportaria o presidente Jair Bolsonaro. E se ele decidisse apoiar, inclusive militarmente, a intervenção? “Não considero provável o Brasil entrar e nem seria prudente”, afirma Eduardo Heleno. “Nada pior para um país que sempre aspirou, e alguns momentos foi, líder regional do que invadir o vizinho”.
Brasil é figurante
Já colhemos no Brasil um dos primeiros efeitos da rebelião deflagrada na última terça-feira (30), sob a liderança de Guaidó, para tentar tirar Nicolás Maduro do poder. Voltaram a engrossar os contingentes de venezuelanos que cruzam nossa fronteira, buscando reconstruir a vida em território brasileiro. Somos o quarto destino mais procurado por quem foge da tragédia venezuelana, atrás de Colômbia, Chile e Peru.
Reflexos da crise devem se estender aos preços internacionais do petróleo. Embora a Venezuela seja dona das maiores reservas do produto no mundo, enfrenta o bloqueio comercial e financeiro dos EUA, que já foi o seu maior importador, e produz atualmente 900 mil barris/dia. Isso representa menos de um terço do que o país chegou a produzir. Oferta menor, alta no preço. Ou seja, os combustíveis, que já têm aumentado bastante no Brasil, têm boas chances de serem impulsionados por outro fator de pressão altista.
Uma intervenção, principalmente se for seguida por uma guerra civil, poderia trazer problemas bem maiores. Investidores não gostam de instabilidade e de incertezas. Um cenário desse gênero poderia levá-los a riscar não só o Brasil, mas toda a América do Sul, dos seus planos de investimentos de curto e médio prazo.
Fora isso, diz Oliver, “o Brasil é figurante nesse conflito”. Além das Forças Armadas venezuelanas, quem tem poder para exercer protagonismo são os governos dos EUA (pró-Guaidó) e da China e da Rússia (os dois, pró-Maduro). “Em algum momento o Maduro vai cair, mas não agora. Estamos falando de um processo que pode ser lento. E é uma falácia achar que a Venezuela será reconstruída em pouco tempo. O país vai demorar de dez a 20 anos para se recuperar”
Quem pode virar a mesa, na avaliação do professor Eduardo Heleno, seriam os oficiais dissidentes e a média e baixa hierarquia militar: “Temos ao mesmo tempo crise institucional, econômica, política, social, migratória... e todas essas crises podem mudar o comportamento das camadas médias da hierarquia militar. Os militares de baixa patente estão cada vez mais descontentes e podem alterar o rumo dos acontecimentos. A insatisfação deles pode levar as Forças Armadas a reverem o apoio ao Maduro”. Um sinal dessa insatisfação foi a adesão de uma pequena fração das Forças Armadas à fracassada tentativa de deposição feita na última terça-feira. Outro está no aumento das deserções. Estima-se que, desde o ano passado, mais de 1,6 mil militares abandonaram as três forças armadas e, principalmente, a Guarda Nacional. Ela e as milícias bolivarianas, os “colectivos”, costumam cuidar da parte mais cruel da repressão aos que ousam desafiar a ditadura de Maduro.
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