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Congresso em Foco
19/11/2020 | Atualizado às 11:54
Dos 200 milhões de nigerianos, 85 milhões sobrevivem com menos de US$ 2 por dia. Foto: Fabíola Góis
Milhares de jovens sem emprego passam o dia nas calçadas e feiras de Abuja procurando trabalho. Foto: Fabíola Góis
Além disso, a Nigéria vive uma espécie de crise permanente desde a independência, em 1960, mesmo depois de passar por uma guerra civil que traumatizou a nação, a Guerra de Biafra (de 1967 a 1970). O país é dividido por tribos rivais, com crescentes números de violência doméstica, estupro, suicídio e intolerância religiosa. O regime político é opressor e dominado por grupos religiosos. Faz apenas 20 anos que há democracia no país.
Com o movimento #EndSars, evidenciou-se uma polícia violenta e o uso do Exército nas ruas. Até agora, o governo nigeriano não divulgou um número oficial de vítimas.
Mas testemunhas citam dezenas de mortos e feridos. A DJ Switch, que estava no tiroteio, contou, em sua conta do Twitter, que soldados armados e policiais atiraram nela e em outros manifestantes pacíficos. Ela declarou haver, pelo menos, 15 pessoas mortas nos tiroteios, e os soldados desapareceram com alguns corpos.
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Policial armado com metralhadora no Centro de Abuja. Foto: Fabíola Góis
As autoridades não assumem as responsabilidades. No dia seguinte ao massacre, o governador de Lagos, Babajide Sanwo-olu, negou mortos por tiros, mas depois admitiu que duas pessoas faleceram. As forças armadas se limitaram a dizer que as acusações não passam de "fake news".
Revolta
A maior parte dos manifestantes tem menos de 30 anos, o que representa 40% da população do país. Desde o dia do massacre, eles tentam ecoar para o mundo a realidade nua e crua de como vivem e são negligenciados. Graças às redes sociais, o movimento chegou a personalidades internacionais, como o piloto de Fórmula 1 Lewis Hamilton e a ex-modelo Naomi Campbell, que repudiaram as ações. Os nigerianos que conseguem comprar smartphones registram as cenas e disseminam rapidamente na internet.
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Mulheres sobrevivem como podem na maior economia da África e um dos países mais desiguais do mundo. Foto: Fabíola Góis
As autoridades nigerianas estão acompanhando, temerosas, o crescimento do #EndSars. O governador do Estado de Borno, Babagana Zulum, onde o grupo terrorista e fundamentalista islâmico Boko Haram teve início, teme que o arrefecimento do movimento acabe provocando a criação de outros grupos extremistas. É que o Boko Haram, começou com protestos juvenis na cidade de Maiduguri, capital de Borno, contra o uso de capacete por motociclistas. Também tinha como pano de fundo a desigualdade social, a pobreza e a falta de acesso à educação e emprego.
O que não se sabe é se a preocupação do governador faz sentido ou se apenas tenta colocar medo na população do país para evitar os protestos. Para além da preocupação de Babagana Zulum, o Governo da Nigéria conseguiu bloquear contas bancárias dos manifestantes com a desculpa de que se trataria de terroristas. Essa medida demonstra a inabilidade e sensibilidade do governo para ouvir a demanda da população e atender às reivindicações – e não cometer o mesmo erro de mais de uma década quando do surgimento do Boko Haram. O que a Nigéria mais precisa é de mais
tolerância para desenvolvimento do potencial desse gigante africano.
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