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Congresso em Foco
15/4/2021 | Atualizado 10/10/2021 às 17:28
O levantamento mostra que 1% dos declarantes com a maior renda em 2019, 304.985 contribuintes, teve uma renda de R$ 691,1 bilhões, o que significa quase 30% do total da renda declarada pelos brasileiros. Desse valor R$ 175,4 bilhões foram em rendimentos tributados apenas na fonte, R$ 250,8 bilhões de reais em lucros e dividendos, R$ 26,5 bilhões em rendimentos de sócio/titular de microempresa e de empresa de pequeno porte e, finalmente, R$ 101,4 bilhões em outros rendimentos isentos.
Separando as categorias, foram R$ 554,1 bilhões em rendimentos isentos ou apenas tributados na fonte, enquanto a renda efetivamente tributável ficou em R$ 137,0 bilhões. O debate que trago aqui é objetivo e não moralista: eu mesmo já me beneficiei de alguns desses mecanismos fiscais, o que não me impede de refletir sobre o tema.
Com base na sua renda tributável, esse 1% declarou imposto devido de R$ 28,7 bilhões, em face de uma renda total de R$ 691,1 bilhões. Ou seja, o 1% que, com maior renda em 2019, teve uma taxa efetiva de imposto sobre a renda total de 4,1%.
Claramente temos um espaço de arrecadação aqui, para enfrentar os custos do redesenho da economia, sem causar grande perda de competitividade empresarial para o Brasil. Se o imposto de renda para esse grupo dos 1% que mais teve renda subisse para alcançar uma taxa de tributação de 10% sobre a renda total dessa categoria, teríamos R$ 40,4 bilhões a mais por ano, ou um pouco mais de R$ 600 bilhões em quinze anos.
A título de comparação, o total de doações no Brasil seria de R$ 4 bilhões por ano segundo o Grupo de Institutos Fundações e Empresas (GIFE). Ou seja, um décimo do valor que o aumento da alíquota para o 1% mais rico geraria. Essa comparação não é desmerecimento da filantropia no Brasil, que precisa ser estimulada e comemorada, entretanto é importante para jogar luz na ordem de grandeza dos números.
Com os R$ 600 bilhões extras, estaria quase recuperado o valor despendido para a emergência do covid, ou recomposta a economia da Reforma da Previdência, e assim aberta alguma possibilidade de investimento.
Evidentemente que os esforços de redução de despesas desnecessárias na máquina pública têm que acontecer, mas devemos ter o pragmatismo para entender que essas medidas, sozinhas, não vão cobrir a situação fiscal, que já era ruim, e ainda abarcar esses novos gastos impostos pela pandemia. Essa não é uma aposta racional para quem sonha com um país capaz de competir no jogo do século 21.
*Paulo Dalla Nora Macedo é economista e empreendedor ESG
O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].
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