O PSDB foi o grande vitorioso nas eleições de 2016. Reafirmamos nossa centralidade na vida política nacional, consolidamos o papel de principal fiador do governo Temer e nos habilitamos a liderar um projeto presidencial em 2018. Nossa votação cresceu 25% em relação a 2012, enquanto a do PT despencou 61%. Disputamos 19 segundos turnos, ganhamos 14. O PT disputou somente dois, perdeu os dois. Governaremos um quarto dos eleitores brasileiros em 803 cidades. Elegemos 5.355 vereadores e 539 vice-prefeitos. Temos a figura emblemática do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, sete governadores, 12 senadores, 50 deputados federais e 100 deputados estaduais. Mais uma vez o PSDB é chamado a ser protagonista na construção do futuro do país.
Mas é preciso ter os pés no chão, não precipitar, não passar, como falamos em Minas, "o carro na frente dos bois". Sabedoria, unidade, sensibilidade, mobilização e comunicação eficiente serão as chaves para o sucesso do PSDB.
A agenda da sociedade, das pessoas comuns, no entanto, não é a sucessão de 2018. A população está preocupada com os níveis alarmantes de desemprego, o elevado endividamento das famílias, a queda da renda média dos brasileiros, a recessão, a inflação persistente e o combate a corrupção. A tarefa principal não é jogar foco na legítima, natural e democrática disputa interna. Se não devolvermos o Brasil aos trilhos, a aliança PSDB/PMDB não terá clima favorável para a disputa presidencial, e poderá haver margem para um outsider que conteste o status quo e tente capitalizar a insatisfação com a crise econômica e os efeitos da Lava Jato.
Agência BrasilPor isso, temos que estar antenados na agenda que interessa as pessoas. Se nos esquecermos delas, elas poderão se esquecer de nós. Nossa energia deve estar voltada para as difíceis e complexas discussões em torno da reforma da previdência, da modernização do mercado de trabalho, da simplificação tributária e da inadiável reforma política. Se tivermos êxito, a economia poderá voltar a crescer 1,7% em 2017 e 4,0% em 2018, com a inflação no centro da meta. É isso que a sociedade espera de nós. E aí, estaremos prontos para abordar a eleição presidencial de 2018.
Não adianta precipitar artificialmente o processo sucessório. Todos aqueles que têm responsabilidade pública e a exata dimensão da gravidade da crise em que mergulhamos devem cerrar fileiras em torno do presidente Michel Temer para fazer avançar o conjunto de ajustes e reformas necessários. Antes de 2018 temos que concluir 2016, inclusive com a aprovação no Senado Federal da PEC 241, que limita a expansão dos gastos públicos, e vencer 2017. Serão temas complexos e polêmicos, tratados à sombra do ápice da Operação Lava Jato.
Cada coisa a seu tempo. Na hora certa realizaremos prévias partidárias e escolheremos nosso candidato à Presidência. Por enquanto, é melhor acompanhar o sambista: "Faça como o velho marinheiro, que durante o nevoeiro, leva o barco devagar".
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