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André Sathler
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Farol Político
17/12/2021 | Atualizado às 11:05
| A ideia em um segundo A aprovação da PEC dos Precatórios envolveu uma “tramitação criativa” no Congresso Nacional, com o seu fatiamento e promulgação do texto comum aprovado pelas duas Casas, e a transformação do texto restante em nova proposição, apensada a outra PEC, para evitar a necessidade de novamente passar por todos os trâmites. A inovação legislativa é ainda mais grave em se tratando do conteúdo da proposta. |
Bismarck dizia que é melhor não saber como são feitas as salsichas e as leis. Sobre as salsichas, seu conteúdo só interessa quem gosta de salsichas. Já quanto às leis... (Foto: Reprodução)
A forma como Pacheco e Lira fatiaram a PEC dos Precatórios compromete o processo legislativo (Foto: Lauriberto Pompeu/Congresso em Foco)
O vai-e-vem da PEC dos Precatórios foi acompanhado pelo vai-e-vem do mercado financeiro, simbolizado sinteticamente pelo índice Ibovespa. Essa entidade abstrata, o mercado, composta de miríades de investidores, faz seus cálculos buscando ampliar ao máximo a previsibilidade – afinal, ser capaz de prever um resultado futuro é elemento determinante nas decisões alocativas no presente. Quando aumenta a incerteza, o sistema fica instável. No caso, a colocação em suspenso do marco constitucional que rege as principais balizas orçamentárias do setor público é pura gasolina na fogueira da instabilidade.
Há expectativas que dizem respeito ao que o Congresso deveria fazer. Nesse caso, pode-se interpretar que o mercado sinalizou que entendia que o marco constitucional das finanças públicas, sintetizado na noção do teto de despesas, não deveria ser mexido, ainda mais precipitadamente. Há outras expectativas que dizem respeito ao como o Congresso deveria fazer. Clareza, legitimidade, segurança jurídica – são elementos a alimentar essa ordem de expectativas. A famosa legitimidade via procedimento enfatizada por tantos teóricos que abordam o processo decisório em democracias.
O que se viu foi completamente diferente, com a adoção de uma solução marota para a promulgação do mínimo necessário da PEC que pudesse garantir a folga que o governo tanto pleiteava, deixando-se o resto para um depois que não se tem como saber quando nem como.
A Lei de Responsabilidade Fiscal foi marco importante para a conquista da estabilidade econômica brasileira (Foto: Divulgação/Instituto FHC)
O Brasil tem se mostrado compulsivo em criar regras fiscais para violá-las em seguida. Como nos programas de recuperação viciados, o país pega uma ficha a cada dia, para poder contar quantos dias ficou sem ter uma recaída. Na terapia individual, o símbolo é forte e ajuda a conduzir o processo de cura. No caso do país, o símbolo aponta para o desarranjo permanente de um Estado que não sabe nem como aprovar uma adequada legislação concernente às suas contas.
A Lei de Responsabilidade Fiscal foi um marco importante e fundamental para o sucesso do Plano Real, o que muitas vezes é esquecido. Houvesse permanecido e sido obedecida em suas principais diretrizes, não haveria necessidade de qualquer regulamentação adicional. O que se viu, contudo, nos seus vinte e um anos de existência, foi que ela não inaugurou, de fato, um novo século nas finanças públicas brasileiras. Desobedecida, simplesmente, ou alterada formalmente, a LRF segue exangue, sujeita ao socorro de transfusões esporádicas – como a criação do teto dos gastos, por exemplo. Para se dar conta de regras que não foram cumpridas nada como novas regras.
Mostra-se estrutural no Brasil o conflito distributivo não resolvido. Gastos sociais, infraestrutura do estado, subsídios, demandas político-eleitorais, todos lutam por espaço num orçamento que não as comporta. Devemos lembrar que o Brasil foi um clássico na criação e no desenvolvimento de um processo inflacionário crônico a partir de 1946, algo estancado apenas no governo FHC no final do século. As raízes de um país visceralmente necessitado de inflação estão voltando à tona, e ao contrário do século passado, não surgem trazendo estradas, indústrias e uma nova capital. Renovamos nosso flerte com a estagflação. E assim o Brasil segue caminhando para o futuro no pretérito.
TERMÔMETRO
| CHAPA QUENTE | GELADEIRA |
| A pesquisa do Instituto Ipec, divulgada esta semana, mostra a força no momento da candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva. Nos cenários testados, Lula obtém uma intenção de votos que ultrapassa em mais de dez pontos percentuais a soma de todos os demais candidatos, indicando uma chance de vitória ainda no primeiro turno. O anúncio da desfiliação de Geraldo Alckmin do PSDB pode ser o início do processo de formação de uma aliança ao centro, conferindo a Lula o parceiro conservador que ele precisaria para dissipar receios à direita à sua candidatura. |
A pesquisa mostra também as dificuldades até agora de construção da chamada terceira via. Nos cenários pesquisados, a tentativa de terceira via da vez, Sergio Moro, do Podemos, aparece somente com 6% e 8%, respectivamente. O cada vez mais desidratado Ciro Gomes, do PDT, com 5% em ambos os cenários. E o governador de São Paulo, João Doria, mesmo depois de exposto pelas prévias do PSDB, pai da vacina Coronavac contra a covid-19, consegue a proeza de empatar em 2% com André Janones, do Avante. A terceira via segue até agora sendo tão somente uma ideia em busca de um nome que realmente a viabilize. |
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