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Iara Brandão
Kelly Tiburcio
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Autobiografia e educação: nos tempos da escola, ontem e hoje
CULTURA
9/6/2023 13:02
"Quando você foi embora Fez-se noite em meu viver Forte eu sou, mas não tem jeito Hoje eu tenho que chorar" - Travessia, Milton Nascimento.
Sempre imaginei que, se o céu espiritual existisse, muito provavelmente haveria uma tela passando os principais momentos de nossas vidas. Quando cheguei à capela celestial, do cemitério do Caju, na manhã do último sábado, dia 03/06, tive uma pequena visão desse provável "céu", ao me deparar com uma pequena tela, posicionada na parte superior de uma das paredes, na qual passavam diversas fotos de um grande ser humano, artista e amigo, Algrin David. Infelizmente, ao olhar para baixo, tínhamos a certeza de que não estávamos no céu, tampouco num agradável sonho, mas estávamos, inacreditavelmente, no velório de um doce menino de 25 anos, que veio a falecer num infeliz acaso, quando entrou no mar do arpoador, no Rio de Janeiro, e só apareceu 6 dias depois, sem vida, na Praia do Forte São João, na Urca. Quando recebi a notícia de que Algrin estava desaparecido e as circunstâncias de seu desaparecimento, tive vontade de partir o mar em pedaços, andar sobre as águas e encontrá-lo ainda com vida. Mas, conforme os dias foram passando e não era possível encontrá-lo em nenhum lugar, desejei ter o poder de voltar no tempo e impedi-lo de entrar no mar. Durante esses 6 longos dias, nada fazia sentido na minha cabeça. Só conseguia pensar em como Algrin era um menino super prudente, responsável e saudável, logo, a ideia de que ele teria entrado no mar e se afogado sem que ninguém se desse conta parecia algo completamente absurdo, mas, de acordo com as investigações, tudo indica que foi isso mesmo o que aconteceu: Algrin entraria no mar para nunca mais voltar.
Foto: arquivo pessoal
Algrin no set de filmagem. Foto: Victoria de Castro
Em sua cerimônia fúnebre, lá estava eu, incrédula e chorando no fundo da sala, olhando as fotos que passavam na tela, quando de repente uma mulher veio me abraçar, com um sorriso amigável e uma força descomunal. Seus olhos brilhavam de tristeza, mas a sua postura era elegante, solidária e forte. Essa era Elisabete, mãe de Algrin David. Só havia estado com ela pessoalmente uma vez, celebrando a vida de seu filho, numa festa de aniversário. Então, estar ali, frente a frente com ela, no encerramento do ciclo da vida de seu filho, é algo de que jamais me esquecerei. Elisabete parecia uma força da natureza, cuidando de todos, que estavam profundamente abalados, sem deixar a energia cair. Ali pude ver de onde Algrin tirou a inspiração para ser alguém tão nobre e especial para tanta gente que teve a honra de conhecê-lo em vida! Como foi dito por tantos durante a despedida de Algrin, repito agora: dona Elisabete, obrigada por ter parido o Algrin! E acrescento, obrigada por tê-lo tornado um menino tão especial, devemos isso a senhora.
Algrin, todas as homenagens serão pequenas para honrar a tua passagem, mas aqui existem muitos corações que jamais esquecerão a tua existência. Você se foi, mas não antes de denunciar os filhos famélicos desta terra e deixar uma preciosa biografia, que orgulha seus amigos e família! Não estava na sua hora, todos concordamos com isso, você ainda tinha muito o que viver e mostrar ao mundo, mas assim aconteceu e você se eternizou, fez sua travessia, então, olhe por nós.Temas
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