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Paulo José Cunha
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Escuta aqui: e quando vão pôr na cadeia esses pastores ladrões?
Paulo José Cunha
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3/8/2020 | Atualizado 10/10/2021 às 16:58
Basta lembrar as declarações autoritárias do próprio Bolsonaro, de seus auxiliares e de apoiadores. Já houve a fala de um filho admitindo que o governo poderia dar um golpe. Já houve a fala de um ministro dizendo que ninguém pode condenar alguém por defender o AI-5. Já houve e continuam a haver manifestações abertamente antidemocráticas e golpistas com faixas defendendo o fechamento do Congresso e do STF e a centralização do poder com Bolsonaro no comando. Bolsonaro que, lembre-se, já participou de várias dessas manifestações e até costuma discursar nelas. E em nenhum momento ouviu-se dele uma palavra qualquer de condenação ao radicalismo e às ameaças à democracia, pelo contrário. Até mesmo a fábrica de notícias falsas descoberta nos gabinetes dos filhos ou o tal “gabinete do ódio”, que funcionaria ali mesmo no Palácio do Planalto, nunca receberam dele qualquer tipo de admoestação.
Como também nunca condenou o uso das fake news, com a ajuda das quais se elegeu. Pelo contrário. Vem se manifestando todo dia, com o argumento da defesa da liberdade de expressão, contrariamente aos esforços que o Congresso vem fazendo para enfrentar a praga cibernética mais importante e perigosa dos últimos anos.
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Bolsonaro vem atuando claramente em duas frentes com vistas à sua perpetuação no poder, objetivo que já se tornou uma obsessão. A primeira é a via autoritária. Basta ver o prodigioso aparelhamento por integrantes das três armas desde a assessoria direta no Palácio do Planalto até de ministérios que teoricamente deveriam atuar com absoluta neutralidade política, como é o caso da pasta da Saúde, hoje completamente dominada por oficiais de alta patente, muitos dos quais improvisados nos cargos por não terem a habilitação médica necessária para atuarem nos postos para os quais foram nomeados.
A outra frente é, ainda, por meio das urnas de 2020. Não por outra razão, o presidente tem evitado as declarações explosivas na entrada do Palácio da Alvorada, comprou abertamente o apoio de partidos de centro-direita que compõem o Centrão e vem mantendo uma intensa agenda de visitas a regiões onde desenvolve ações puramente midiáticas, eleitoreiras e populistas. Só como exemplo, outro dia, no Piauí, fez questão de montar num cavalo e por na cabeça um chapéu de couro, gestos manjados de políticos em busca de identificação com usos e costumes nordestinos.
O aparelhamento do Ministério da Justiça com a produção, por um de seus órgãos, de dossiês com nomes e endereços de pessoas nas redes sociais, que teriam sido repassados a órgãos políticos para fins de perseguição e/ou punição de caráter ideológico não é apenas um ato de extrema gravidade. É assustador. Os que viveram os tempos duros, os que foram presos, torturados e tiveram parentes e amigos desaparecidos para sempre sabem muito bem qual é o valor da democracia. Percebem com clareza onde podem dar os acenos ao fascismo. Se alguns patriotas dos próprios órgãos de segurança se organizam para combater qualquer arroubo antidemocrático é dever da cidadania desenvolver todos os esforços para protegê-los e evitar a todo custo que um braço do governo, mantido com recursos públicos, seja usado para persegui-los.
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