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Iara Brandão
Dulce Pereira
Dulce Pereira
12/11/2020 | Atualizado 10/10/2021 às 16:59
Crédito: Mariana Maiara
Também há, apesar das cotas, severa disparidade no financiamento das campanhas das mulheres. O discurso a respeito do financiamento às candidaturas negras está longe de corresponder à real importância do feito. 52,49% das pessoas que votam são mulheres, em um total de 147.918.483 eleitores brasileiros.
De fato, como afirma o professor e sociólogo Silvio Almeida, o Brasil "precisa se livrar da alma de senhor de escravo”, que certamente foi forjada na matriz de domínio, construída através dos séculos, que moldou o ocidente, estruturou o capitalismo e se mantém organicamente nas estruturas institucionais, inclusive acadêmicas nos diversos países.
Há resistência e atraso, por parte de vários partidos, no repasse do devido recurso. Desta forma a desigualdade se mantém e a conquista da paridade como referência ética tem demandado mobilização de candidatas e candidatos negros.
A qualidade da democracia, com possibilidade de ser participativa, com equidade de gênero e étnico-racial, por certo, é ainda uma vitória a se perseguir. Já neste caminho, as mulheres negras em campanha, enriquecem a campanha de 2020 com suas candidaturas articuladas coletivas, propostas objetivas e pertinentes para mandatos de representantes nas câmaras municipais, escuta popular e práticas de circularidade na política, que incluem a identificação das necessidades pelos conjuntos dos cidadãos, cuidado do território e planejamento de políticas públicas distributivas.
Desse modo, ganha corpo no Brasil uma campanha para que negros e brancos votem em candidatos e candidatas negros (pretos e pardos) como forma apenas de romper com o racismo, mas de praticar o antirracismo. O site da campanha é este aqui. A campanha por votos indígenas pode ser acessada aqui.
Impossível não avaliar o processo da Georgia no contexto das eleições nos Estados Unidos, onde os conflitos entre os interesses permanentes levaram à escolha dos negros por Joe Biden e Kamala Harris, como forma de luta contra a injustiça racial.
A diversidade de interesses, tanto de negros quanto de latinos naquele país, em particular na Georgia, foi bastante explorada por Trump, com propostas de programas de apoio a pequenos empreendimentos (Platinum Plan) de processar a Ku Klux Klan (KKK) como terrorista, além de ter apresentado um sedutor programa de inclusão.
No entanto, o entendimento da pressão por mobilidade social individualizada, que não transforma as realidades históricas, enfraqueceu a estratégia trumpista. Falou mais alto a confiança em Kamalla Harris, que entregou sua história para ser vice de um candidato cujos limites conhece, mas que apostou nas possibilidades de conquistas objetivas, após o peso das mobilizações intituladas Vidas Negras Importam. Lembrei-me de Amilcar Cabral: “Um dos erros mais sérios, senão o mais grave, cometido pelas potências coloniais na África, pode ter sido ignorar ou subestimar a força cultural dos povos africanos.”
> Leia mais textos da coluna Olhares Negros.

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