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Parábola 37 - Epílogo: Novo Ano, Novas Mudanças

Cezar Britto

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31/12/2021 | Atualizado às 9:39

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– Tîa nde pytuna! – saudou Jaci, ao abrir a porta lunar para Iemanjá e Oxalá. – Podem entrar! Já estamos em clima de festa. – Você está linda, amiga! – elogiou Iemanjá. – Você sabe que fica encantadora em estado de mytyruwy-noti, não é? – Tenho que usar minha roupa mais elegante na passagem do ano, senão ninguém olhará para mim – sorriu Jaci. – Logo mais todas as pessoas estarão na praia, todas de branco, fazendo oferendas a você. – Ela estava mesmo deslumbrante no ano passado, não foi? – complementou Picê. – O azul do seu vestido vibrava ao sabor dos ventos como fosse o próprio mar aconchegado em seu corpo.  Acho que escutei Yorixiriamori se dizer apaixonado por você naquela noite. – Somente a deusa da poesia para criar esse de saboroso nhenhenhém – gargalhou Iemanjá. – Mas eu tenho que caprichar mesmo, a concorrência é muito grande. – Ainda que venhas a andar pelo vale da sombra da morte, não temerias mal algum – brincou Emanuel, parodiando os Salmos 23:4. – Ninguém em sã consciência ousaria desafiar a Rainha do Mar. – Até tu, Emanuel! – retrucou, vaidosa, Iemanjá. –  Nada como a despedida de um ano para renovar o humor de todos nós. – “O coração alegre serve de bom remédio” – concordou Emanuel. – Emanuel e seus providenciais provérbios – brincou Confúcio. – Mas é realmente impressionante o infinito poder rejuvenescedor dessa fração de segundo que separa o ano velho do novo. Tudo se torna novo, alegre e festivo, fazendo da noite a apoteose da nossa humana criação, com o céu enfeitado por feixes de luzes criados por elas mesmas. – E se permanece algum resquício de velhice nesse mágico momento é, sem dúvida, a anual operação plástica a que se submete a anciã esperança da humanidade – anotou Açuti. – Até mesmo as nossas decepções, como ter o ano que se despede permanecido igualzinho ao que passou, não são suficientes para pôr água em nosso chope – interveio o experiente Exu. – O ano novo embebeda com a cachaça da esperança o mais abstêmio dos corações. – É esta porção inebriante que nos faz recém-nascidos em planos e perspectivas – complementou Oxumarê. – E nos faz prometer que engatinharemos na busca da realização de cada sonho projetado. – Ver florescer o namoro ainda não cultivado pela ausência da coragem do plantio – romantizou Ceuci. – E esperançar para que cresça fértil no imenso jardim do novo tempo. – Neste mesmo caminho, a mudança do ano é o momento oportuno para reencarnarmos em nós mesmos – iluminou Buda. – Aproveitarmos para desengavetar empoeirados sonhos, inserindo-os no reiniciar da vida. – Um cacique até me pediu inspiração para retomar os estudos sobre a sua etnia – apontou Sumé. – E arrematou em seu argumento: agora que os curumins cresceram está livre para outros desafios. – O cacique tem a mais absoluta razão – reforçou Maomé.  – “Quem busca o conhecimento e o acha, obterá dois prémios: um por procurá-lo, e outro por achá-lo. Se não o encontrar, ainda restará o primeiro prémio” – Acho engraçado quando as nossas criaturas dizem que para ser alguém é necessário plantar uma árvore, ter filhos ou publicar um livro – sorriu Ganesha. – Não percebem que essas não são as únicas opções de vida? Que todas as opções são válidas, todos os projetos são viáveis e todos os sonhos são realizáveis? – É verdade que “ninguém pode voltar atrás e fazer um novo começo – prosseguiu Chico Xavier. – “Mas qualquer um pode recomeçar e fazer um novo fim”. – Preparem-se! Escutaremos promessas de mudanças das mais variadas formas em nossos templos ou na solidão do “eu” – lembrou Oxalá. – Devemos escutá-las, mas também os lembrar de que elas são as principais responsáveis pelas coisas terrenas. – Devemos dizer que não adianta ficar cantando mecanicamente aquela velhíssima canção global de que “hoje é um novo dia, de um novo tempo, que começou nesses novos dias, as alegrias serão de todos” – concordou Tomás de Aquino. – Se nada se faz para acontecer cada mudança, os que desprezam o bem fazem o mal por e para nós. Eu mesmo já adverti que não só de reza vive a nossa inquietação, mas também de resistência, perseverança e coragem para mudar. – E se a evolução faz parte da vida das nossas criaturas, o significado da palavra “ano novo” não deveria ser entendido apenas como sendo o de festa ou feriado universal – prosseguiu Jaci no argumento. – A busca da mudança é que faz a grande diferença. Mudar é questão de atitude, não apenas questão de desejo. Atitude e desejo podem ser o novo, o nosso novo ano. – E para que o novo ano aconteça devemos nos unir contra a maldade governante – concluiu Oxalá, puxando Emanuel e Jaci para um grande abraço coletivo.  – Independentemente das nossas religiosidades, espiritualidades e formas de pensar, devemos nos unir para combater o ódio e promover o amor. – Não esqueçamos de agradecer a todas, todes e todos que acompanharam os nossos encontros e se tornaram cúmplices de nossas Parábolas – lembrou Jaci. – Sem elas não teríamos ânimo para iluminar com palavras, gestos e exemplos essa terrível quadra do tempo que atingiu a nossa Pindorama. – Alegrai-vos! – assentiu Emanuel, agora em um abraço que unia todas as espiritualidades presentes. – Nós nunca desistiremos da humanidade! O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected]. 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