Relator da nova lei dos planos de saúde quer conter reajustes abusivos
Duarte Jr. quer regulamentar planos coletivos para proibir rescisão unilateral do contrato. Projeto deve ser votado no segundo semestre
Congresso em Foco
8/7/2023 9:32
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Deputado diz que mudanças pretendem desafogar o Sistema Único de Saúde. Foto: Pixabay
A nova lei dos planos de saúde deve avançar logo depois do recesso parlamentar, diz o deputado Duarte Jr. (PSB-MA). Relator do projeto de lei (7419/2006), o parlamentar diz que o texto substitutivo passou por todas as comissões da Câmara, houve diálogo com as lideranças de bancadas e há apoio do presidente Arthur Lira (PP-AL) para que a Casa analise e aprove a iniciativa no segundo semestre.
Ex-presidente do Procon do Maranhão, o deputado foi indicado por Lira há cinco semanas para assumir a relatoria do PL, que vai alterar as leis (9656/98) de Saúde Suplementar, (9961/2000) da criação da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e a (8080/1990) do SUS. O texto atual do projeto de lei é um colcha de retalhos com 272 apensos que já contou com dois relatores diferentes desde 2006. Um dos parlamentares nem sequer apresentou o relatório.
Duarte Jr. quer regulamentar planos coletivos para proibir rescisão unilateral do contrato. Projeto deve ser votado no segundo semestre
"98% está pronto, falta só o ajuste fino do relatório. Só não divulguei por causa da monopolização do Congresso em função das pautas econômicas. Rodei todas as regiões do Brasil, participei de debates e reuniões no gabinete. Acredito que a ampla maioria dos deputados vai apoiar porque é um projeto para o país."
Para arredondar o relatório, o parlamentar compareceu ao Ministério da Saúde na quinta-feira (6) para uma reunião com uma equipe técnica designada pela ministra Nísia Trindade para colher impressões sobre a proposta e apresentar o texto.
Em linhas gerais, os objetivos da nova lei, conforme Duarte, são a ampliação do acesso à saúde para a população, a garantia de mais qualidade e segurança na prestação de serviço e a sustentabilidade ao setor nas figuras do SUS e da saúde suplementar. Para isso, ele propõe:
Regulamentar planos coletivos para proibir rescisão unilateral do contrato. A intenção é impedir que crianças em tratamento, pacientes de câncer ou pessoa com alguma deficiência sejam expulsos do plano de saúde;
Estabelecer limites e transparência para reajustes do plano de saúde coletivo. Segundo ele, os planos de saúde individuais foram reajustados em 9,63% em junho, mas os planos coletivos, por exemplo, não estão previstos na ANS e podem sofrer aumentos sem qualquer regulamentação, o que gera anomalias abusivas de cobranças repentinas;
Aplicar o Código de Defesa do Consumidor para que o Procon possa fiscalizar planos de saúde; e
Adotar prontuário único, para que haja comunicação entre o SUS e hospitais privados para evitar que exames sejam repetidos e assim evitar desgaste do paciente e economizar custos.
"É uma questão inadiável. É uma vergonha um importante projeto como esse tramitar na Casa por 17 anos. O Congresso precisa dar uma resposta e há atmosfera política na Câmara para tanto", afirmou Duarte.
Segundo o deputado, embora trate de plano de saúde, o projeto impacta todo o sistema de saúde porque não há como separar os setores público e privado. O artigo 99 da Constituição Federal permite a empresas explorarem a atividade de saúde suplementar ao SUS. "Não pode ser vista de forma dissociada [saúde pública e privada], pois se complementam. Se o plano de saúde não cumpre seu papel, ele sobrecarrega o SUS."
Duarte acrescentou ainda que está a par da existência de um lobby forte a favor das operadoras de plano de saúde, uma vez que o PL mexe com arrecadação e restrições a serem aplicadas. Mas se diz disposto a entrar nessa dividida.